Descubra curiosidades, significados e tradições dessa data sagrada para os cristãos
Na correria da vida moderna, é fácil esquecer a profundidade de certas datas religiosas. Uma delas é a Sexta-feira Santa, um dia de reflexão, silêncio e reverência. Mas por que ela é tão importante? O que realmente aconteceu antes da crucificação? E de onde vem o costume de não comer carne vermelha nesse dia?
Neste post, vamos mergulhar nos bastidores espirituais e históricos da Sexta-feira Santa — e você vai entender por que, mesmo séculos depois, esse dia continua mexendo com corações e consciências.
✝️ O que é a Sexta-feira Santa?
A Sexta-feira Santa é o dia em que os cristãos recordam a morte de Jesus Cristo na cruz. Ela faz parte do Tríduo Pascal, que começa na Quinta-feira Santa (com a última ceia), passa pela Sexta-feira da Paixão e culmina no Domingo de Páscoa, com a ressurreição.
É um dia de luto espiritual, marcado por silêncio, jejum, orações e cultos solenes.
Mas… por que ela é chamada de “santa”? A morte de Cristo foi brutal, dolorosa e injusta. No entanto, ela se torna santa por seu propósito: redimir a humanidade. Jesus se ofereceu em sacrifício para nos reconciliar com Deus, abrindo um caminho de salvação.
🍞 A Última Ceia: um jantar antes do sacrifício
Na noite de quinta-feira, Jesus celebrou com seus discípulos a Última Ceia, uma refeição que se tornou símbolo da fé cristã.
Ali, Ele partiu o pão e disse:
“Isto é o meu corpo que é dado por vós; fazei isto em memória de mim” (Lucas 22:19).
Naquela mesa, o Mestre já sabia que a traição estava próxima. Mesmo assim, lavou os pés dos discípulos (João 13:1-17) e os encorajou a permanecerem firmes. Foi nessa ceia que nasceu o sacramento da Santa Ceia, praticado até hoje em igrejas cristãs.
🕯️ Horas antes da crucificação: o Getsemani e a prisão
Após o jantar, Jesus foi ao Monte das Oliveiras, onde orou no Jardim do Getsemani. A angústia era tão intensa que Ele suou sangue (Lucas 22:44). Ali começou sua agonia.
Logo em seguida, Judas Iscariotes chegou com soldados. Com um beijo, entregou Jesus.
🐍 Por que Judas traiu Jesus?
A traição de Judas é um dos mistérios mais comentados da história bíblica. Alguns estudiosos apontam que ele esperava um Messias político e se frustrou com a abordagem pacífica de Jesus. Outros acreditam que foi por ganância, já que recebeu trinta moedas de prata (Mateus 26:15).
Independentemente do motivo, a Bíblia mostra que Judas se arrependeu profundamente (Mateus 27:3-5), mas foi consumido pela culpa. A história dele nos alerta sobre como o desejo por controle, poder ou dinheiro pode nos cegar espiritualmente.
⚔️ O julgamento e a crucificação
Na madrugada, Jesus foi julgado em tribunais religiosos e romanos. Pôncio Pilatos, mesmo reconhecendo que Ele era inocente, cedeu à pressão do povo.
Ele foi humilhado, coroado com espinhos, chicoteado e crucificado entre dois ladrões. Uma das frases mais marcantes que disse na cruz foi:
“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” (Lucas 23:34)
Às 15h da tarde, Jesus expirou. O véu do templo se rasgou ao meio, e um terremoto sacudiu a terra (Mateus 27:51). A natureza respondia ao sacrifício do Criador.
❌ Por que não se come carne vermelha na Sexta-feira Santa?
Essa é uma das curiosidades mais populares da data.
A tradição de não comer carne vermelha surgiu no século II, quando a Igreja Católica começou a institucionalizar práticas de jejum e abstinência. A carne vermelha era símbolo de luxo e celebração, enquanto o peixe representava simplicidade e humildade.
O jejum e a abstenção de carne são vistos como formas de mortificar o corpo e entrar em comunhão com o sofrimento de Cristo.
📌 Mas isso é bíblico?
Não há nenhum mandamento nas Escrituras proibindo o consumo de carne na Sexta-feira Santa. Essa é uma prática de tradição religiosa, não uma doutrina bíblica.
No entanto, a Bíblia nos convida ao jejum voluntário e sincero:
“Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes” (Joel 2:13)
Ou seja, mais importante do que deixar de comer carne, é oferecer a Deus um coração arrependido, humilde e disposto a ouvir Sua voz.
🐟 Por que o peixe virou símbolo da fé?
Nos primeiros séculos do cristianismo, os cristãos perseguidos usavam o símbolo do peixe (Ichthys) para se identificarem uns aos outros. A palavra “Ichthys” em grego forma um acrônimo para:
“Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador.”
Assim, o peixe ganhou um lugar simbólico na fé cristã — e por isso aparece tanto nas tradições da Quaresma e Sexta-feira Santa.
🌍 Um dia que ecoa pelo mundo
A Sexta-feira Santa é celebrada em vários países com diferentes tradições:
Brasil: procissões, encenações da Paixão de Cristo e jejuns.
Filipinas: alguns fiéis se autoflagelam em rituais dramáticos.
Itália: o Papa lidera a Via Sacra no Coliseu de Roma.
Espanha: procissões silenciosas com imagens sagradas.
O que todas essas manifestações têm em comum? O profundo respeito pela entrega de Jesus.
💡 Curiosidade extra: por que é sempre numa sexta?
A crucificação ocorreu em uma sexta-feira, segundo os Evangelhos, pois o sábado era o dia de descanso dos judeus (shabat). Como os corpos não podiam ficar expostos durante o sábado, os soldados se apressaram para terminar a execução (João 19:31).
Por isso, a Igreja estabeleceu que a Sexta-feira antes da Páscoa seria dedicada à memória da Paixão de Cristo.
🙏 O que aprendemos com a Sexta-feira Santa?
Mais do que uma data, a Sexta-feira Santa é um convite à introspecção. É o momento de nos perguntarmos:
Como está minha fé?
Tenho valorizado o sacrifício de Cristo?
O que preciso deixar na cruz hoje?
A cruz não é o fim. Ela é a ponte que nos leva até a ressurreição. O silêncio da Sexta-feira Santa prepara o palco para o milagre do domingo.
✍️ Conclusão
A Sexta-feira Santa é uma pausa no tempo. Uma lembrança de que Deus não poupou esforços para nos amar até o fim. Ela não exige de nós um ritual específico, mas um coração disponível.
Se você quer viver essa data com mais significado, experimente se desligar um pouco do mundo, orar, meditar nas Escrituras e, principalmente, agradecer. Porque naquela sexta-feira, Jesus escolheu te amar até o último suspiro.